Acho curioso o fato de programadores carregarem muitas dores em comum. Ao longo dos anos percebi que muitas das dúvidas e questionamentos que eu tinha sobre o rumo da minha carreira era compartilhado por diversas pessoas que também já tinham tido, estavam tendo ou ainda teriam.
Sei que são vários os motivos, mas hoje quero falar um pouco sobre o apego a linguagens de programação e porque você não deve deixar que isso limite suas oportunidades profissionais.
Um pouco de história
Meu primeiro contato com o mundo da programação foi aos 15 anos através de um grande amigo que me mostrou o processo de montagem de uma tela em HTML/CSS para um trabalho do colégio. Aos 16, durante as férias do colégio, criei a oportunidade de frequentar diariamente a agência do meu tio para estudar mais sobre programação e adquirir experiência com os profissionais de lá. Aos 17 eu já estava “estagiando” e aos 18 consegui meu primeiro estágio remunerado.
Durante toda essa trajetória inicial, sempre tive em mente que deveria fazer e seguir o que meus mentores me indicavam. Isso me ajudou bastante a entender rapidamente as diversas possibilidades de atuação e no que eu poderia me especializar.
Depois de um certo tempo atuando na profissão, me vi seguindo carreira como desenvolvedor PHP. Além da minha própria decisão por seguir por esse caminho, também tive bastante influência dos meus mentores e agradeço eternamente a cada um deles. Me sinto muito realizado por tudo que conquistei e contribui por onde passei.
E é exatamente nesse ponto que eu queria chegar.
Desenvolvedor linguagem X
Minha intenção não é julgar o fato de se especializar em uma linguagem X, seguir carreira com ela etc, acho até que o fato de ser especialista em alguma coisa é algo que devemos fazer, pois tentar abraçar o mundo com as pernas é bem complicado. Mas voltando ao raciocínio, o que realmente quero abordar aqui é quando essa decisão por seguir uma carreira como desenvolvedor linguagem X limita suas oportunidades profissionais.
Depois de vários anos me dedicando ao máximo praticamente a uma linguagem, criei um apego muito grande por ela. Acho que esse apego é extremamente natural pelo fato das diversas horas dedicadas ao seu estudo, as diversas conquistas profissionais e pessoais etc, mas nos últimos meses andei percebendo o quanto esse apego estava sendo prejudicial para uma tomada de decisão da minha carreira.
Quando surgiu uma oportunidade para eu trabalhar com uma outra linguagem, o primeiro sentimento que tive foi medo, muito medo! Medo por achar que não daria conta pelo fato de não estar trabalhando com a linguagem que domino, medo por não conseguir aprender a nova linguagem a tempo e, principalmente, medo por achar que tudo que conquistei ao longo dos anos com o PHP iria por água abaixo pelo simples fato de não mais trabalhar diretamente com a linguagem.
Durante esse período onde tive que tomar uma decisão sobre qual seria o próximo passo da minha carreira, tive muitos momentos de reflexão, e percebi que a maioria das possibilidades que eu criava eram dependentes de uma linguagem.
Essa conclusão parece óbvia devido ao meu histórico profissional, mas não seria louco deixar passar uma oportunidade por causa de uma linguagem? Esse foi o questionamento que me fiz e que me fez chegar a conclusão de que eu precisava sair da minha zona de conforto.
Moral da história
Se você visualiza uma oportunidade e entende que aquilo te ajudará a chegar onde você quer, não deixe que uma linguagem te limite.
O fato de hoje você trabalhar com linguagem Y não apaga tudo que foi conquistado com a linguagem X e não te impede, por exemplo, de continuar contribuindo para projetos na linguagem X, participar de comunidades da linguagem X etc.
Hoje eu entendo que o que realmente nos torna bons programadores não é trabalhar com linguagem X ou Y, e sim seus valores, comprometimento, conhecimento, experiência etc.
Espero que esse relato possa ajudar aqueles que estão passando pelo mesmo que passei.
Aaa, eu aceitei a oportunidade e estou vivendo um dos melhores momentos da minha carreira profissional e pessoal!